Balaclava: tendência ou mais uma polêmica fashion?
Atualizado: 30 de mai. de 2023
No início de fevereiro, a influenciadora digital Malu Borges, conhecida no TikTok pelos seus vídeos “Get Ready With Me” (Arrume-se comigo), montou um look com um acessório um tanto inusitado: a balaclava. Logo a postagem viralizou, dividindo opiniões sobre a peça e o seu estilo.
Quem é apreciador do mundo fashion, no entanto, já está familiarizado com essa espécie de máscara-gorro. Na atual temporada de ready-to-wear, marcas como Loewe e Proenza Schouler apostaram no acessório, enquanto quem assiste à fashion week e arrasa no street style também veste a balaclava.
É fato, a peça ganhou notoriedade e está na boca dos fashionistas, seja através de críticas ou looks dando destaque a ela. Pegando a onda da trend, a gente te conta nesse texto como ela surgiu, por que voltou às ruas e se realmente a balaclava é uma mera tendência, ou representa algo pertinente a se discutir acerca da sociedade.
Onde a Balaclava surgiu?
A peça leva o nome da cidade portuária ucraniana de Balaclava, onde aconteceu a Guerra da Crimeia, em 1854. Tropas britânicas e irlandesas foram enviadas para lutar contra soldados russos em um inverno rigoroso, vestindo trajes de verão. Com a falta de vestuário ideal para o clima, as mulheres inglesas tricotaram gorros que protegiam o queixo e as orelhas dos soldados.
Posteriormente, o gorro tricotado - ou melhor, a balaclava - se tornou um símbolo da milícia do Leste Europeu, depois de ser usado por manifestantes separatistas pró-Rússia para evitar serem reconhecidos.
Por causa desse último movimento histórico, a balaclava é uma peça remetida ao chamado estilo eslavo. Essa estética russa, que funciona como uma nostalgia da vida após a queda da União Soviética, está tão em evidência que a hashtag #sovietaesthetic tem mais de 4,7 milhões de visualizações no TikTok.
Na Moda
Pode-se dizer que a balaclava voltou a ganhar destaque em 2018, nos desfiles da Vetements, Alexander Wang, Gucci e Calvin Klein. Raf Simons, que era diretor criativo da última marca na época, associou o acessório à ideia de segurança e proteção.
Já no início de 2021, a Miu Miu apresentou seu desfile de ready-to-wear nos Alpes Dolomitas, na Itália, com todos os seus modelos protegidos pelos gorros no maior ski style.
Durante o mesmo ano, a Balenciaga levou conceito ao acessório, que protegia não só do clima, mas também, na época que estamos falando, da pandemia da covid-19. Ele agora representava anonimato e isolamento. E ganhou reconhecimento, afinal quem não lembra da produção impactante de Kim Kardashian no Met Gala de 2021 assinada pela grife?
No ano de 2022, finalmente, parece que a peça somou todos os seus significados e resolveu invadir o guarda-roupa dos fashionistas. Jessica Payne, chefe de moda do Pinterest, afirmou que as pesquisas por balaclavas aumentaram 230% desde o início de novembro. Elas saíram das passarelas e passaram a ser vendidas na Zara, na Urban Outfitters e em mercados para atingir todos os públicos. Inverno, proteção ou anonimato, chegou ganhando destaque nas ruas sem pedir licença.
Ressalvas
Entre estilo e tendências, infelizmente a balaclava se torna centro de um debate de questões raciais pertinentes. Todo mundo consegue usar o acessório? A resposta é não. Vivendo numa sociedade em que pessoas negras são constantemente revistadas e abordas pela polícia sem motivos, somente pelo seu tom de pele, a situação pode se agravar se o indivíduo estiver usando um acessório para “se esconder”.
A questão do significado da peça também é debatida na comunidade islâmica. A semelhança entre a balaclava e o hijab, veste usada por mulheres muçulmanas, leva as suas comparações. Se o primeiro é cool e estiloso, por que o segundo é considerado símbolo de opressão?
Afinal, o acessório é uma tendência fashion ou só ganha esse significado se for usado por pessoas brancas?
Não está proibido o uso da balaclava, e ela provavelmente não vai abandonar as ruas por um bom tempo. Mas é preciso compreender que ela é mais que um simples acessório. Entre proteger do clima, esconder o cabelo num bad hair day ou exalar estilo pelas ruas, nem todas as pessoas possuem esse privilégio da peça ser unicamente uma experiência fashion. E quem é privilegiado, ao vestir a balaclava, precisa refletir sobre isso.
ACRESCENTANDO: Kanye West usava Balaclava inclusive é um dos pioneiros da popularização dela, ele sempre usou desde 2013 em sua era Yeezus, inclusive com toda certeza deve ter impactado sua ex-esposa q é citada no texto(n entendi o pq dele não ser) a usar tmb. Kanye na era pré-donda era visto com Balaclavas, a maioria das pessoas q usam tem ele como representação pra usar, já q ele é um dos maiores artistas do século e muito influenciador.