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Foto do escritorSamantha Oliveira

"Drácula: A Última Viagem de Deméter" sequer merece um trocadilho com naufrágio


'Drácula: A Última Viagem de Deméter' chega aos cinemas dia 24 de agosto | Foto: Divulgação

O que acontece quando a saga Piratas do Caribe e Van Helsing têm um filho? Brincadeiras à parte, chega aos cinemas, no dia 24 de agosto, o novo filme de André Øvredal, "Drácula: A Última Viagem de Deméter".


Cansativo já pelo próprio título, o longa conta a história de uma tripulação à bordo do navio Deméter que descobre a presença do famoso vampiro e precisa sobreviver em alto mar. A premissa, que parece ser interessante por promover um espaço confinado em meio ao perigo iminente da criatura, acaba perdendo seu charme pela facilidade do vilão em vencer os demais.


Para começar, o protagonista Clemens, vivido por Corey Hawkins, consegue servir o mínimo de carisma que lhe é oferecido. Apresentado como um homem negro formado em Medicina por Cambridge (o que fica difícil acreditar já que o filme se passa no século 19), o personagem possui motivações rasas para estar ali e não consegue convencer quem assiste de que ele é "diferente dos demais".


O restante do elenco foi razoavelmente aceitável, já que cada um conseguiu exprimir uma personalidade mais convincente que o próprio Clemens e conquistar o público de uma forma ou de outra. Destaque principalmente para Woody Norman, que funciona como a criança carismática ao longo do filme.



Deméter não morreu de susto


Figura do Drácula volta às origens dos vampiros nos filmes | Foto: Divulgação

É necessário, porém, destacar talvez o maior erro de "A Última Viagem de Deméter". A decisão em mostrar, praticamente 'de cara', a figura do Drácula encerra de vez qualquer clima e mistério que poderia haver no restante do filme.


Essa, inclusive, é uma escolha quase sempre dada como certa no gênero do terror: deixar que a imaginação sobre a besta tome conta até que seja necessário (ou não) exibir a imagem monstruosa. E exemplos disso não faltam, como em "Olhos Famintos" (2001), "A Bruxa" (2015) e até mesmo "Tubarão" (1975).


Contudo, Drácula é tão mostrado ao longo do filme que, ao fim, precisaria dar um descanso de imagem das telonas. Além disso, o CGI usado nas cenas envolvendo o famoso vampiro não ajuda o público a entrar no clima - o que poderia ter sido concertado se, mais uma vez, apostassem no mistério da criatura.


Em contrapartida, é necessário destacar o desenvoltura de Javier Botet como o Conde Drácula. Sem muitas falas, o ator entrega bons movimentos do vilão - desde o seu despertar até o momento que coloca todas as suas forças contra os mocinhos.


Outro ponto positivo de "Drácula" é a escolha na representação da famosa figura vampírica (alô, Nosferatu). Após anos da imagem do vampiro ter sido usada exaustivamente por filmes comerciais (isso NÃO é uma crítica a "Crepúsculo"), ver o Conde voltando às suas origens como um monstro, com unhas, garras e apenas sede de sangue parece dar um frescor ao subgênero. Uma pena que esse frescor tenha o aroma de sete piratas juntos após um porre de rum.



Terra à vista?


Corey Hawkins vive Sr. Clemens no longa | Foto: Divulgação

Apesar de não ter uma maré a seu favor, "A Última Viagem de Deméter" consegue manter certo ritmo na narrativa e, ainda assim, a famosa pergunta: "como eles vão sair dessa?".


O desfecho faz sentido quando associado à fama de Drácula ao longo da história, mas parece não ter o menor impacto no público, já que este não possui apego nenhum a quem sobrevive na trama. Prova disso é o terceiro ato do filme, onde a decisão de eliminar um personagem que representava a esperança dos demais é prejudicial também para o que se pode esperar do minutos restantes.


No mais, "Drácula: A Última Viagem de Deméter" passa a energia daquele filme que se encontra em um canal de TV a cabo durante uma quinta-feira à noite, onde pode ser assistido, mas com certeza não faria questão de vê-lo de novo.


Veredito: 2/5

 

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