top of page
Foto do escritorMikhaela Araújo

"Kung Fu Panda 4" diverte, mas não tem a 'show de bolice' presente nos filmes anteriores

O quarto filme do panda lutador de kung fu parece querer continuar uma história que já parecia estar finalizada


A indústria cinematográfica hollywoodiana adora reciclar histórias e fazer sequências de sagas queridas pelo público, para adquirir cada vez mais dinheiro, até a fonte esgotar. É esse o caso que provavelmente levou à produção de Kung Fu Panda 4, continuação da história do Kung Fu Panda que começou em 2008.


A história do panda Po (Jack Black/Lúcio Mauro Filho) que se torna o Dragão Guerreiro, indo contra o que esperavam de um animal desajeitado e comilão, conquistou uma geração e rendeu um segundo e terceiro filmes bem feitos, envolventes e divertidos, fechando a história na terceira animação de forma coerente e emocionante.


No entanto, a DreamWorks/Universal Pictures não quis parar ali. Afinal, ainda viam potencial de lucro. Daí veio mais um filme, o quarto, que estreia nos cinemas nesta quinta (21). Desta vez, com um orçamento de 85 milhões de doláres, bem mais baixo que os anteriores, cortando principalmente do cachê dos dubladores dos Cinco Furiosos personagens clássicos que estiveram nos outros três filmes e que eram dublados por Angelina Jolie, Jackie Chan, Seth Rogen, Lucy Liu e David Cross.


Em Kung Fu Panda 4, Po precisa assumir uma nova posição como Mestre de Kung Fu, desta vez como Líder Espiritual do Vale da Paz, posto que antes foi ocupado pelo Mestre Oogway. Para isso, ele também deve escolher um novo Dragão Guerreiro.


O problema é que Po não faz ideia de como fazer isso - assim como ele não fazia ideia do que fazer em filmes anteriores ao quarto, o que torna o plot um pouco repetitivo. Ele não quer sair da zona de conforto, de um local que ele demorou tanto para se estabilizar e se identificar verdadeiramente.


Porém, ele é chutado para fora da sua zona com a chegada da vilã Camaleoa (Viola Davis/Taís Araújo), uma bruxa com poderes mágicos que consegue se transformar em quem ela quiser, incluindo os vilões do passado de Po.


É aí que entra também Zhen (Awkwafina/Daniele Suzuki), uma raposa que se torna a nova amiga de Po. A personagem é um dos destaques do filme, sendo carismática, cativante e instigante a ponto de fazer você querer ver mais dela em possíveis obras futuras.


A relação entre Po e Zhen é interessante, divertida e tem uma mensagem bonita, mas não supre a falta dos Cinco Furiosos, que é definitivamente sentida aqui. A explicação para eles não ajudarem Po é que estão ocupados em outras tarefas, mas o filme vende o tempo todo a ideia de que a Camaleoa é a vilã mais poderosa já enfrentada pelo panda. Se isso é verdade, então o que seria mais importante do que ajudá-lo contra ela? Não sabemos e nem vamos saber.


Mesmo sendo, teoricamente, a vilã mais forte, a Camaleoa não convence. Não há de fato desenvolvimento suficiente para que você acredite que ela é tudo que o filme quer que você acredite que ela seja. A "volta" de vilões por meio dela parece uma justificativa preguiçosa para torná-la mais forte do que parece, além de também ser cansativa por tornar os embates repetitivos.


A história em geral, como um todo, é fraca. A maioria das piadas parece reciclagem de outras e várias cenas soam como uma releitura de momentos dos longas anteriores.


O forte de Kung Fu Panda 4 está em outros pontos. O primeiro deles, já citado, é a relação desenvolvida entre alguns personagens, como entre Zhen e Po, mas também entre os dois pais de Po, o panda Li Shan (Bryan Cranston/Anderson Coutinho) e o ganso chinês Sr. Ping (James Hong/Alexandre Maguolo). Ambos atravessam uma jornada juntos na paternidade e parceria, passando por aventuras inusitadas que conseguem tirar boas risadas.


Outro ponto forte do filme é a direção de Mike Mitchell e Stephanie Stine, que utiliza de técnicas inovadoras para a animação, proporcionando visuais instigantes. Além disso, os cenários são ricos e cheios de beleza, servindo de ótimo plano de fundo para as lutas, que também estão excelentes. São criativas e até bonitas de se assistir.


Kung Fu Panda 4 é, definitivamente, o menor filme - em todos os sentidos - da franquia, mas não perde a essência que levou ao sucesso da história do panda lutador e que evidentemente mostra que quem o fez conhece o universo e seus personagens. No entanto, a repetição e falta de camadas realmente empolgantes do enredo te fazem ter a sensação, ao ver a obra completa, de que poderia ser um filme para streaming e não para os cinemas, já que fica cada vez mais aparente o objetivo principal de sua existência: o dinheiro.


Inclusive, está sendo cumprido com excelência: Kung Fu Panda 4 está liderando a bilheteria dos cinemas dos EUA, ultrapassando até Duna 2.


Veredito: 3/5


55 visualizações0 comentário

Comments


Últimos textos

bottom of page