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Marília Mendonça: a Rainha da Sofrência nos deixa cedo demais

Atualizado: 30 de mai. de 2023


Foto: André Cardoso/Aquivo Pessoal

O que era para ser uma sexta-feira do "novo normal" para muitos acabou se tornando uma tragédia da história da música brasileira: a morte da cantora Marília Mendonça. Por um grande infortúnio e até mesmo sequência de erros, a artista de 26 anos deixou uma legião de fãs, além de amigos e familiares, no que até então se celebrava o Dia da Cultura, em 5 de novembro.


A sertaneja faleceu devido a um acidente aéreo e estava acompanhada por mais quatro pessoas na aeronave: o produtor Henrique Ribeiro, o tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho, além do piloto e co-piloto, que não tiveram os nomes divulgados. O avião decolou de Goiânia com destino a Caratinga, Minas Gerais, onDe Marília Mendonça realizaria uma apresentação, ainda na sexta-feira (5).


A tragédia interrompe uma carreira no auge, um início de novos projetos e parcerias musicais, além de uma maternidade que nunca mais poderá ser exercida por Marília. Ela era mãe do pequeno Leo, filho do seu relacionamento com o também cantor Murilo Huff, que completa 2 anos de idade no próximo mês de dezembro.





Carreira


Antes de tudo isso, é preciso relembrar da jovem Marília Mendonça, nascida em Cristianópolis, Goiás, que teve o seu primeiro contato com a música aos 12 anos de idade, quando começou a compor. Chegou a compor para Cristiano Araújo (1986 - 2015), além do sucesso Cuida Bem Dela, interpretado pela dupla Henrique & Juliano.


Com 15 anos, Marília Mendonça gravou o seu primeiro DVD e de quebra emplacou o seu primeiro hit, que se tornou uma das músicas mais tocadas de 2016: Infiel. A partir daí não é preciso dizer que a carreira da artista só decolou, com ela se tornando a brasileira mais ouvida do Youtube no ano seguinte. Entre os sucessos, estavam De Quem É A Culpa e Amante Não Tem Lar.



De prova que conquistou o Brasil inteiro pela sua voz e talento, a sertaneja realizou, em 2019, o projeto Todos os Cantos. O diferencial foi que, além de realizar shows surpresas em diversas capitais do país, as apresentações eram totalmente gratuitas. Uma delas, inclusive, foi realizada no Recife - na Avenida Rio Branco, no bairro do Recife. Ciumeira, Todo Mundo Vai Sofrer e Supera foram algumas das canções que o público aprendeu a cantar ao lado da artista. Dá pra entender porque ela foi considerada - e sempre será - a nossa Rainha da Sofrência.



Chega a ser impossível falar de Marília Mendonça sem destacar a sua importância para a música nacional. Não é errado dizer que ela foi revolucionária no que se propôs e a principal responsável para instaurar o hoje tão conhecido - e admirado - feminejo. Até então, o sertanejo era restrito ao "universitário" e dominava as paradas com sucessos cantados na voz masculina. A artista, então, foi responsável por abrir a porta para outras mulheres no gênero e mostrar que elas podem - e devem - cantar sobre as suas "sofrências" e vida amorosa.


O resultado não deu outro: foram inúmeros recordes quebrados e uma estimativa de público inimaginável até para os mais otimistas. Marília Mendonça conquistou o brasileiro de todos os locais - desde festinhas da classe média alta até o bar da esquina de casa que tem uma jukebox de ficha. Ela fez com que mulheres se identificassem com o que estavam ouvindo - seja sofrendo ou fazendo sofrer - e conquistou quem ainda não dava o braço a torcer pelo tal sertanejo.


Talvez se fosse para destacar um momento marcante - além de todos esses projetos "estourados" nas playlists brasileiras - seria a live realizada pela cantora durante a pandemia de Covid-19. Quarentena, todos isolados em casa e sem perspectiva de quando tudo voltaria ao normal. Foi então que o formato de lives começou a se popularizar e então pudemos receber, dentro de nossas casas, uma espécie de show particular de Marília Mendonça. Com uma caneca de "líquido misterioso" e um microfone na mão, a artista emocionou e nos fez cantar e vibrar em um momento em que isso parecia impossível. E tudo isso com audiodescrição - um formato até então renegado por outros artistas. No mínimo, diferenciada.




O acidente


Corpos sendo exibidos ao vivo, informações falsas e desencontro de informações. Assim ficou marcada a cobertura jornalística realizada sobre o acidente aéreo que vitimou Marília Mendonça. Saindo de Goiânia, o avião caiu próximo a uma cachoeira por volta das 15h30, como divulgou o portal G1. Dentro dele estava a cantora e mais quatro pessoas - que também faleceram.


Pouco tempo após o acidente, a notícia de que Marília estaria dentro do avião começou a circular entre os portais. A assessoria da cantora, contudo, logo se pronunciou, afirmando que ela já havia sido retirada do local. A nota, na verdade, explicava que "todos estavam bem" e haviam sido socorridos. A boa notícia, até então, circulou por grandes portais como Veja, R7 e CNN Brasil.


Contudo, para quem assistia a cobertura da GloboNews, a situação era outra: as câmeras mostravam não só o avião estroçado próximo à água, como também corpos dentro dele. E a confirmação que muitos esperavam - de que a nossa Marília estava realmente bem e acordada - não veio.



Na verdade, o que se pode ver foi um corpo sendo resgatado, usando a mesma jaqueta preta e branca com detalhe vermelho vestida pela artista horas antes, sendo retirado com um lençol branco por cima. Não havia maneira pior de descobrir a notícia do que assistindo ela acontecendo na sua frente.




Por volta das 19h37, a equipe de bombeiros finalizou o trabalho de retirada dos corpos e confirmou os falecimentos. Até o momento desta publicação, o motivo da queda não foi divulgado oficialmente pela imprensa.


O modelo do avião era um King Air prefixo PT-ONJ, da PEC Táxi Aéreo, que possuía autorização para fazer esse tipo de locomoção, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil, a ANAC. O que se discute, na verdade, é o "padrão" estranhamente alto de artistas e personalidades da mídia que são vítimas de acidentes aéreos. Acidentes que, na verdade, escondem uma baixa fiscalização ou legislação correta para a circulação de aeronaves. Tragédia, sim, mas acidente, até que ponto?



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