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Foto do escritorMikhaela Araújo

Mayra Andrade e o protagonismo feminino no Festival MADA

Atualizado: 14 de dez. de 2022

A 22ª edição do evento, que acontece nos próximos dias 23 e 24 de setembro em Natal (RN), conta com mais de 50% do line-up composto por mulheres


Mesmo com alguns avanços conquistados na equidade de gênero nos últimos anos, é fato que ainda temos longos caminhos a serem percorridos quando se trata sobre o tema. Na música, por exemplo, artistas mulheres ainda precisam lutar por espaço e reconhecimento, principalmente quando se tratam de mulheres trans, negras, ou que possuam qualquer característica que não esteja no padrão branco cis e heteronormativo.


Apesar disso, existem sujeitos ativos na indústria musical que trabalham contra essa desigualdade e fortalecem o protagonismo feminino de diversas formas. O Festival MADA, que acontece em Natal (RN) nos próximos dias 23 e 24 de setembro, é um desses exemplos. Conhecido por quebrar esse contraste que existe nos palcos há alguns anos com uma ativa participação de mulheres, sejam elas trans ou cis, o evento anunciou nomes de grande destaque para 2022, como Linn da Quebrada, Marina Sena, Letrux, Josyara e Luísa & os Alquimistas. Além delas, a cantora cabo-verdiana Mayra Andrade, uma das mais promissoras artistas do seu país, vai apresentar no festival o show que fecha a sua primeira turnê no Brasil, que tem o apoio do Consulado Geral de Cabo Verde em São Paulo.


A artista esteve presente no Palco Sunset do Rock in Rio 2022 ao lado de Criolo e também passou por São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Salvador. No dia 24, sobe no palco do MADA em Natal em um show com convidados especiais para apresentar as músicas do seu disco 'Manga', lançado em 2019, além de outras canções.


Quem é Mayra Andrade?


Mayra Andrade nasceu em Cuba, mas viveu a infância entre Cabo Verde, Senegal, Angola e Alemanha. Aos 17 anos, fixou-se na França, onde deu início a sua carreira profissional, e mora em Lisboa desde 2015. Essas vivências se refletem na sua arte, numa mistura sonora peculiar que tem como base a música tradicional cabo-verdiana.


Inclusive, há muita influência musical brasileira no trabalho de Mayra. Desde pequena, a cantora escuta música brasileira e tem Caetano Veloso, Chico Buarque e uma lista grande de artistas como referência. A primeira vez que esteve no Brasil foi aos 18 anos e ela já veio tantas vezes que perdeu a conta. Foi nesta primeira visita que ela decidiu largar a faculdade de Arte e Comunicação que fazia na França, com bolsa de estudos, para se dedicar apenas à música.

Mayra está presente na faixa 'Ogun Ogun', do álbum 'Sobre Viver' de Criolo, lançado este ano. Os dois dividiram o palco no Rock in Rio, primeiro show da turnê atual da artista no Brasil.


O álbum 'Manga', seu mais recente disco, foi feito quando ela se mudou de Paris para Lisboa. Ao G1, ela contou que 'Manga' é "um disco que fala dos afetos, da ausência desses afetos também e do que isso pode causar, fala de liberdade de ser você mesma, fala da história da imigração, fala de uma cultura amorosa, fala de um reencontro de lugares imaginários."


Ainda segundo a artista, "fechar esse capítulo sem passar pelo Brasil era uma coisa muito bizarra, um sentimento de algo inacabado." Ela ainda pretende fazer um show em Cabo Verde em dezembro, para depois se dedicar a novos projetos.


"Vejo [minha música] como um caldeirão de muita coisa, muito embora não me interesse muito analisar o que vem de onde. É mais sobre experienciar as coisas e assimilá-las, elas tornam como parte de nós. Um dia você escreve uma música e percebe que aquela influência saiu aí" — Mayra Andrade em entrevista ao G1



Mulheres nos festivais


Segundo estudo realizado pela BBC News, a cada dez headliners, apenas um é feminino nos eventos de música do Reino Unido em 2022. A Rolling Stone UK apurou que, há cinco anos, os principais festivais da Europa e Estados Unidos fecharam compromisso para adotar line-ups com 50% de homens e mulheres, mas isso não se tornou realidade na prática.


Segundo os resultados da última contagem da BBC, relativa aos principais nomes de 50 importantes festivais, entre 200 artistas apenas 26 eram mulheres, ou seja, 13% dos nomes eram bandas formadas inteiramente por mulheres ou artistas solo femininas. Já os grupos formados por homens ou artistas solo masculinos representaram 74,5% no estudo. 12% dos headliners - ou seja, 24 bandas - eram compostos por homens e mulheres. Apenas um artista foi identificado como sendo não binário.



No Brasil, o cenário infelizmente não é tão diferente No Lollapalooza 2022, por exemplo, das sete atrações principais, apenas duas eram mulheres (Miley Cyrus e Doja Cat). No Rock in Rio — embora tenhamos tido um dia inteiro com line-up feminino — tivemos apenas uma mulher entre os sete headliners do Palco Mundo (Dua Lipa). Felizmente, também temos bons exemplos, como o Coala Festival que aconteceu dos dias 16 a 18 de setembro e teve quase 50% das atrações mulheres (ou de bandas com mulheres). O Primavera Sound, que faz sua primeira edição em São Paulo em novembro de 2022, tem 50% das atrações principais mulheres.


Um exemplo positivo no Nordeste é o Música Alimento da Alma (MADA), que acontece em Natal há 24 anos. Em 2017, das bandas que se apresentaram no festival, 56,26% tinham a participação de mulheres, trans e cis. No ano seguinte, essa porcentagem ficou com 53,84%. Já em 2019, o grupo ocupou 46,42% de espaço nos palcos do festival. Após dois anos consecutivos parados por causa da pandemia, o evento volta em 2022 com mais de 50% de artistas mulheres no palco. Além disso, 95% da produção do festival é composta por mulheres que atuam desde a montagem dos palcos até a comunicação.


MADA 2022


Considerado um dos mais sólidos festivais de música do Brasil, o Festival MADA 2022 está de volta nos dias 23 e 24 de setembro na Arena das Dunas, em Natal. O line up conta com uma grande pluralidade musical, uma das marcas do evento, e vários nomes de peso do cenário da música.


Um dos nomes mais potentes do rap nacional, Emicida (SP) traz o elogiado show 'AmarElo'. Também aclamada, a cantora Gloria Groove (SP) desembarca com o show 'Lady Leste', que foi um dos maiores sucessos do Rock in Rio. Já Letrux (RJ) vai mostrar canções dos seu recente disco 'Letrux aos Prantos', lançado em 2020, no início do período pandêmico. Marina Sena (MG), uma das artistas de maior sucesso no Brasil no último ano, também está confirmada. Linn da Quebrada (SP) traz no repertório músicas do álbum Pajubá e o mais recente 'Trava Línguas'.


BaianaSystem, banda da Bahia que é uma grande queridinha dos festivais, volta ao MADA com seu navio pirata misturando guitarras baianas, dub, samba do Recôncavo e soundsystem da Jamaica. Já Afrocidade, que vem do mesmo estado, exalta a musicalidade negra afro-baiana e é uma grande expectativa do público para o festival. Josyara, nascida em Juazeiro da Bahia, estreia o show do seu novo disco 'ÀdeusadarÁ', lançado no dia 19 de agosto deste ano.


No rap, temos nomes como Djonga (MG), que vem arrastando multidões em diversos festivais pelo Brasil. Outro confimado que promete um grande show é Don L (CE), cujo álbum 'Roteiro Para Ainouz' lhe rendeu duas indicações e uma vitória no APCA e uma estatueta do Prêmio Arcanjo de Cultura.


Entre as atrações potiguares, o line conta com Luísa e os Alquimistas, primeira headliner potiguar da história do MADA. A banda ganhou estrada após o aclamado 'Jaguatirica Print', lançado em 2020. Potyguara Bardo, Uma Senhora Limonada, Projeto Revisor, Cazasuja e outros também estão confirmados.


Na programação paralela estão de volta a Feira Mix e o After MADA, que na sexta-feira (23) conta com discotecagens de Janvita b2b Elisa Bacche e Pajux b2b Iguia T. E no sábado (24), com DK e convidados.


Confira o line up completo do MADA 2022, com horários:

SEXTA 23/09

  • 18h30 - V Motta Feat A.V.S. e Fernanda Azevedo

  • 19h - Cazasuja feat Amen Ore

  • 19h30 - Projeto Retrovisor

  • 20h - Josyara

  • 20h40 - Terno Rei

  • 21h20 - Potyguara Bardo

  • 22h10 - Letrux

  • 23h - Emicida

  • 00h30 - Gloria Groove

  • 01h30 - Djonga

  • 02h30 - Pajux B2B Iguia T (after)

  • 03h - Janvita B2B Elisa Bacche (after)

SÁBADO 24/09

  • 18h20 - Fabiano Nasi

  • 18h50 - Uma Senhora Limonada

  • 19h20 - Fortunato e os Jovens de Ontem convida Frevo do Xico

  • 20h - Boogarins

  • 20h50 - Afrocidade

  • 21h40 - Don L

  • 22h30 - Marina Sena

  • 23h30 - Mayra Andrade

  • 00h30 - BaianaSystem

  • 01h50 - Luísa e Os Alquimistas

  • 02h50 - Linn da Quebrada

  • 03h40 - Baile do DK


SERVIÇO:

Festival MADA - 24 anos

Local: Estádio Arena das Dunas - Lagoa Nova, Natal - RN Data: 23 e 24 de setembro de 2022 Horário: a partir das 18h Ingressos: aqui

Patrocínio: Coca Cola, Brisanet, UNIMED NATAL e Cerveja Tiger

Apoio: Prefeitura do Natal e InterTV

Realização: MADA Produções

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