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Foto do escritorRayane Domingos

"Não Solte!" consegue empolgar mesmo sem saber qual história quer contar

Atualizado: 14 de nov.

O longa estrelado por Halle Berry acerta nas reviravoltas do enredo, apesar de se perder no fio narrativo



O que você faria se o seu conhecimento sobre o mundo fosse no limite de uma corda? E que não existisse nada além da sua casa dita abençoada, em um mundo maligno, junto com a mãe e o irmão? Essas são as premissas iniciais que o filme Não Solte, dirigido por diretor Alexandre Aja, nos apresenta.


O longa é brilhantemente estrelado por Halle Berry, Percy Daggs IV e Anthony B. Jenkins e acompanha uma mãe, Momma, e os filhos pequenos Nolan e Samuel. Eles moram em uma cabana isolada no meio da floresta e vivem aterrorizados com o "mal" no mundo exterior. Quando um deles começa a questionar a realidade imposta pela matriarca, a família começa a se desestruturar e a luta pela sobrevivência se torna ainda mais cruel.


O filme consegue empolgar, assustar e deixar telespectador tenso sem precisar de manobras acima do tom. O problema talvez esteja no roteiro, com o excesso de lacunas deixadas somada a uma história que não se decide realmente qual o caminho quer trilhar, e confunde um pouco quem assiste.



O que é real?


Por ser um filme de terror/suspense que utiliza o "mal" como figura abstrata, é comum que se imagine que a história fique parada nessa coisa de caça e caçador, porém esse não é realmente o foco do longa, o que se mostra ótimo a princípio.


A história vai se desenrolando aos poucos, sem pressa e também sem grandes explicações antecedentes sobre o passado da família. E isso pode ser um problema para que o telespectador embarque no que está sendo contado. 


Mas a partir do momento que você consegue acreditar no que está assistindo, é como se observasse de longe os acontecimentos, o que se torna mais "divertido" de acompanhar porque você começa a se questionar sobre o que é realmente verídico.



O roteiro acerta ao trazer a perspectiva individual da mãe e dos filhos e tenta desenvolver a personalidade de cada um a fim de causar certa proximidade, como se eles falasse "acredite em mim". Sob essa ótica, vamos nos deixando enganar por palavras, sentimentos e decisões dos personagens. Os plot twists também são bem acertados e nada óbvios.


O que incomoda é que a história parece se perder no fio narrativo. Em um determinado momento, o roteiro nos guia para um lado, mas não tem certeza exatamente disso e fica no meio do caminho, no quase. A gente até acha que aquele portal aberto, a lacuna deixada, vai ser resolvida em algum momento, mas isso não acontece e causa até certa frustração.


Ok, entendo que nem tudo precisa de respostas porque é preciso criar esse ambiente de tensão a ponto do público tentar descobrir e viajar na história. Mas o problema é que o roteiro dá a entender que as coisas vão ser explicadas minimamente, mas isso não acontece. Não será anormal sair da sala de cinema ainda sem entender o que aconteceu ou qual o real objetivo daquilo tudo.


O filme segura na atuação



Antes de ter uma história interessante ou um plot twist genial, todo filme precisa ter, no mínimo, boas atuações para que o público fique preso no que tem sido contado. Essa é a sensação que tive ao assistir o longa dirigido por Alexandre Aja: que independente de qualquer erro crasso do roteiro, tudo poderia ser mascarado pelo ótimo desempenho dos protagonistas.


A atriz, e Oscar Winner — bom lembrar sempre, Halle Berry rouba toda a atenção do filme para si a qualquer momento que aparece na tela. É possível ver as facetas da personagem através de poucos gestos dela. Sentimos o desespero da mãe que luta para sobreviver com os filhos e ao mesmo tempo da mulher que causou a derrocada da família, ou pelo menos que acredita e se culpa por isso. E tudo isso muitas vezes só com um olhar ou um suspiro qualquer. 


Mas ela não brilha sozinha no filme. A história também é centrada nos irmãos Nolan e Samuel, que são interpretados por Percy Daggs IV e Anthony B. Jenkins, e nessa construção dúbia da irmandande que eles têm, sem nenhuma referência externa. Os pequenos atores se agigantam na tela, principalmente nas cenas que exigem mais deles, e conseguem nos dar um misto de sentimentos e opiniões.


E apesar das falhas de roteiro, o filme consegue nos impressionar em momentos inesperados e sem apelar para as premissas óbvias sobre o que acontece com a família. Quando a gente consegue embarcar, em meio a uma linha narrativa um pouco torta, a tensão toma conta e você vai acreditando no que é contado e tentando preencher as lacunas deixadas.


Veredito: 2,5/5

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