"Os Estranhos: Capítulo Um" era melhor continuar desconhecido
Filme de invasão domiciliar não é mais do mesmo - é pior
Um homem e uma mulher totalmente apaixonados estão em uma viagem interminável pelos Estados Unidos e, de repente, precisam de um lugar para ficar após o carro quebrar. Parece familiar? Pois esta é a premissa de Os Estranhos: Capítulo Um, que estreia nos cinemas brasileiros no dia 30 de maio.
O terror slasher é a nova aposta Renny Harlin ('Deep Water' e 'Duro de Matar 2') que traz Madelaine Pestch e Froy Guiterrez aos papéis do nada simpático casal desabrigado. Com uma premissa de invasão domiciliar clássica, a história se inspira no filme de mesmo nome lançado em 2008, onde os protagonistas são aterrorizados por três pessoas mascaradas.
Não é sequer necessário avisar que este conteúdo contém spoiler porque Os Estranhos é literal e absoluto em tudo que se propõe. Neste caso, ver o trailer ou cortes infinitos no TikTok teria o mesmo efeito de ir até o cinema acompanhar o filme.
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Com uma boa e interessante cena de abertura, o público é introduzido ao casal e potenciais vítimas do longa, que fazem as mesmas sequências de decisões erradas que os fãs de terror já estão acostumados em assistir. Aqui, a decisão de colocar Maya como uma mulher que sequer pensa no próprio perigo incomoda - onde preocupações sobre assédio, abuso e qualquer outro crime não passam pela sua cabeça. De início, o personagem de Guiterrez parece se mostrar como o inteligente da dupla, questionando a procedência do espaço e até mesmo sugerindo um golpe dos moradores locais. Com um bom instinto de sobrevivência até o segundo ato do longa, o protagonista Ryan perde todo o seu QI por conta da mão invisível do roteiro - que o torna burro para justificar os caminhos que o filme precisa percorrer.
Esse fator chega ser 'justificável' ao lembrar que o roteiro está sob a mão de dois homens - Alan R. Cohen e Alan Freedland, que parecem ter rabiscado o longa com pressa após uma aparente ótima ideia em uma conversa de bar. Ao longo de todo o filme, o telespectador é colocado como burro e até mesmo ingênuo, como se realmente fosse acreditar que tudo aquilo ali é plausível.
Para evitar um massacre total contra o longa, é necessário pontuar que a direção de 'Os Estranhos' sabe construir bons momentos de tensão no primeiro e segundo ato do filme. Ainda assim, isso não foi necessário para fazer o público se preocupar se os mocinhos morreriam ou não nas mãos dos vilões.
E, falando dos malvados, o primeiro filme de uma intragável trilogia que vem por aí apresenta três personagens mascarados que aparentam ter idades distintas - um homem adulto, uma adolescente e uma outra mulher. Aqui, pequenos sinais indicam possíveis motivações - como um arco religioso ou a maldade por si só, como é expressa após a famosa pergunta "por que vocês estão fazendo isso?". Ainda assim, essas mesmas motivações já foram vistas anteriormente em filmes muito mais bem executados de invasão domiciliar - o que não empolga o público de acompanhar a segunda e terceira sequência.
Em suma, Os Estranhos - Capítulo Um não chega a ser mais um filme porque desperta um sentimento no público: decepção, que ultrapassa a raiva com a decisão dos personagens e não consegue se sustentar apenas na tensão bem construída.
Veredito: 1/5
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