'Para Todos os Garotos 3': Agora e Para Sempre nos nossos corações
Atualizado: 30 de mai. de 2023
Na última sexta-feira (12) lançou na Netflix a última parte da trilogia ‘Para Todos os Garotos que Já Amei’, o ‘Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre’. A trama, baseada na série de livros com o mesmo título, narra a vida de Lara Jean (Lana Condor) e as suas primeiras experiências amorosas. No longa, esperamos o final feliz entre a protagonista e o seu grande amor, Peter Kavinsky (Noah Centineo). A produção foi um grande presente para as leitoras apaixonadas pela obra de Jenny Han e ainda veio como uma chance de retomar o sucesso da estreia de ‘Para Todos os Garotos que Já Amei’, lançado em 2018, já que quem assistiu à continuação do primeiro sentiu que deixou a desejar por seu roteiro exclusivamente de continuação, e não aquele longa que temos vontade de rever milhares de vezes. O novo filme, então, chega como uma luz no fim do túnel para o público adolescente entusiasmado por uma comédia romântica atual de qualidade.
A trama inicia com a viagem de Lara Jean e sua família para a Coreia de Sul, uma surpresa para os fãs, pois é uma cena não inclusa no livro. Entretanto, foi uma ótima escolha para a adaptação, pois inicia reforçando a importância de uma personagem fora dos padrões ocidentais e ainda mostra a conexão forte entre a protagonista e as suas raízes coreanas, que é uma forma encontrada por ela de estar sempre ligada à sua falecida mãe.
A história logo continua com a volta de Lara Jean para os EUA e foca no enredo principal: a escolha de qual universidade estudar e as consequências disso no seu namoro com Peter. Com isso, surgem mais mudanças entre o livro e o filme. Todos que leram a história sabem que a universidade dos sonhos da garota é a Universidade de Virgínia e não Stanford e que no final ela escolhe ir para a Universidade da Carolina do Norte, ao contrário da New York University. Essa foi uma decisão impactante, mas que teve muito sentido, especialmente aos telespectadores. É muito mais fácil para quem assiste ter o conhecimento onde fica Stanford e NYU ao invés das outras, e consequentemente, entender como a distância das duas universidades pode influenciar na relação do casal. A modificação fica mais nítida quando acontece a viagem dos formandos para New York, e Lara Jean vai escondida para uma festa da universidade em questão. Lá, ela acaba escutando a música tema do seu relacionamento com com Peter e sente que lá é onde pertence, fazendo tudo se encaixar muito bem.
Durante o filme, o público enxerga mais adaptações no roteiro, sendo a aparição mais constante de alguns personagens secundários ou o corte de cenas bem importantes no enredo. Isso talvez tenha acontecido para encaixar melhor com os outros filmes da série e também por se tratar de um novo formato. O livro de ‘Para Todos os Garotos que Já Amei’ foca bastante na vida de Lara Jean e seu relacionamento com Peter, tendo abertura para trabalhar nos mínimos detalhes, o que não pode acontecer no longa, por ter uma limitação de tempo. Por isso, os produtores precisaram adaptar alguns acontecimentos, pois não conseguiriam explorar aquilo de maneira explícita, e focar em outras, mais fáceis e ainda adoradas pelo público. Por exemplo, foi muito interessante para o fã aproveitar mais momentos de Lara Jean e sua melhor amiga cheia de personalidade, Chris, do que trabalhar na relação delicada entre Peter e seu pai não presente.
Porém a ausência de alguns momentos cruciais bateu no coração do leitor e fez questionar se aquilo não impactou de maneira negativa na imagem dos personagens. Na versão literária, o fim do namoro entre os protagonistas é causado em grande parte pela escolha da universidade por Lara e pela reação dos dois, como é mostrado no filme. Mas o que não foi visto nessa versão foi o impacto da conversa entre ela e a mãe de Peter na decisão, que diz à nora para acabar o namoro com o seu filho no intuito dele ficar livre e poder focar na vida universitária. Com a falta dessa cena, colocou-se toda a culpa na protagonista, parecendo assim a egoísta, que gostaria de ter a sua primeira vez após o baile de formatura para fechar um ciclo e resumir Peter ao seu amor de colégio. Mas nunca foi sobre isso. Lara já estava apreensiva com toda a situação e chateada pelo afastamento do namorado, e a mãe do rapaz intensificou esses sentimentos.
Além disso, aconteceram outros fatos que estremeceram o casal, como a relação conturbada de Peter com o pai – que não apareceu na sua graduação – e ainda a aparição de John Ambrose McClaren. Em uma cena específica, os dois estavam numa festa, quando a protagonista vê John e conversa com ele sobre as escolhas da universidade. Não era a primeira vez que os dois se encontravam na terceira parte da trilogia, pois durante uma homenagem à Stormy (sim, infelizmente ela morreu), eles conversam sobre ela e ainda acerca da UNC (NYU, no filme) e ele diz ser a sua escola dos sonhos. Assim, quando eles se veem na festa, Peter deixa em evidência que Lara Jean iria para lá e ainda ficou menosprezando o outro garoto por ele ter sido sempre mais introspectivo e agora estar mudado. Todos esses acontecimentos influenciam na decisão da protagonista, e chega a ser estranho eles não aparecerem no filme, pois o papel de McClaren no segundo longa foi essencial e claro que é sempre uma jogada de roteiro reforçar triângulos amorosos.
Mesmo com a falta desses momentos cruciais, o filme conseguiu transformar outros elementos em ótimas cenas românticas. Depois do casamento do pai de Lara, a nossa amada Kitty combina com Peter para ele se encontrar com a personagem principal. Ao chegar, ela encontra seu Anuário com uma linda carta de amor – parecida com aquela feita pela própria quando mais nova – e reafirma com Peter que, enquanto existir sentimento e conexão entre os dois, a distância entre as universidades não importa. Eles assinam a carta, como se fosse mais um contato, e vão dançar ao som da música do casal – a mesma que Lara Jean ouve na festa da NYU. A cena é seguida com a primeira vez do casal, que não acontece no livro, porém funciona perfeitamente com a narrativa do filme.
‘Para Todos os Garotos que Já Amei - Agora e Para Sempre’ termina com Lara Jean e Peter indo para as suas respectivas universidades, sonhadores pelo que vem na nova fase, porém mantendo um ao outro no coração. Essa última cena representa uma grande conexão à frase que a autora termina o livro: “Eu tive um tempo esplêndido”, conclui, “e eu sinto que marcou uma época da minha vida. Porém o melhor estava em voltar para casa”. Deixa um gosto de quero mais para uma continuação, não é?
Ao finalizar o filme, o telespectador fica feliz, e o fã, diga-se de passagem, aliviado pelo longa ‘dar nome’ ao livro. Mesmo com algumas adaptações de roteiro – que era preciso – a produção consegue voltar ao sucesso do primeiro filme e a essência da história continua a mesma: fofa, leve e romântica, como qualquer filme do gênero deveria ser.
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