“Planeta dos Macacos: O Reinado” explora legado de Caesar e impressiona com os visuais da natureza
Atualizado: 10 de mai.
Com direção de Wes Ball, o longa serve como um ótimo prólogo para novas produções da franquia
Como será a vida dos macacos a partir de agora sem o grande líder Caesar? Essa pergunta foi uma das mais comentadas entre os fãs desde o último filme da nova franquia de 'Planeta dos Macacos', em 2017. Há quem ainda não se conforme com a despedida de um personagem tão emblemático e que colocou os humanos para pensar sobre a maneira que tratam os seus iguais. Mas apesar da ausência, o legado dele é celebrado no novo filme.
Em 'Planeta dos Macacos: O Reinado', o diretor Wes Ball quer contar a história pós-Caesar, tanto para os macacos quanto para os humanos. Nele, os símios conseguem se comunicar através da fala de uma forma mais natural. Noa é filho de um dos anciões de uma comunidade que doméstica águias e sobrevive do que elas caçam. No desenrolar, ele descobre uma outra comunidade, mas liderada pelo rei Proximus, que explora os seus iguais em benefício próprio. Além disso, eles descobrem a existência de Mae, uma jovem que busca sobreviver e tentar salvar a humanidade.
Apesar da maioria do elenco estar ‘escondido’ em uma máquina que captura movimentos, o filme é estrelado por Owen Teague, Freya Allan, Kevin Durand, Peter Macon, Eka Darville, Travis Jeffery, Neil Sandilands, Sara Wiseman e Lydia Peckham.
Destaque para natureza após destruição
Visualmente, o filme é o mais bonito dos outros três da nova franquia. A direção explora as imagens da natureza com muita riqueza, com luz, tanto nas cenas de aventura, com os macacos escalando as árvores, como nas de ação. A sensação que traz é que apesar da destruição vista nos outros filmes, e o abandono dos locais em que se viviam “humanos”, o mundo continua acontecendo e a natureza florescendo.
Mas para além disso, também mostra que ele servirá de prólogo para os outros que virão da franquia. Os grandes e longos embates foram deixados de lado para tentar reconstruir a história que vai ser contada adiante. E o planeta também está inserido nessa ideia exatamente quando se observa que a natureza está no momento de se refazer, assim como todas as espécies que habitam a terra.
Por mais que seja batido falar o quão bom é o CGI da produção, a cada filme parece que eles conseguem se superar um pouco mais. Em O Reinado, a câmera não se aproxima tanto dos macacos, mas o suficiente para entendermos os sentimentos dos símios. O trabalho na captura de movimento é realmente impressionante.
A produção propôs um filme mais de aventura, bem diferente dos conflitos físicos nos outros. Mas isso não significa que não tenha bons embates entre os lados opostos, neste caso, macacos x macacos. Isso não é ruim, claro. A troca na direção e roteiro nos faz presumir que também teríamos mudanças no rumos da história.
Por Caesar?
Desde o primeiro filme, em 1968, que a franquia propõe uma grande reflexão sobre relações sociais, políticas e de poder entre humanos e o seu ancestral comum. E no geral, como somos todos iguais porque o instinto é algo inerente a maioria dos animais e a forma perversa como a sociedade se comporta é a única que conhecemos.
O filme se passa muitos anos após a morte de Caesar e dos seus ensinamentos. Uma nova sociedade que não o conheceu e só ouve histórias dos feitos em prol da comunidade. Muito acertada a decisão do roteiro em criar mais conflitos entre os símios, principalmente porque uma delas exalta o nome do grande líder e a outra o desconhece completamente.
E colocado no contexto de que as ideias de Caesar foram completamente distorcidas com o passar do tempo deixa tudo ainda mais interessante. E mais uma vez, reflete que não há tanta diferença entre humanos e macacos. A hipocrisia e ganância é algo inerente ao animal, assim como outras características e personalidade.
As causas humanas também são exploradas, mas muito no que se refere a sobrevivência. Após tantas catástrofes e mortes, a humanidade volta ainda pior ao se importar consigo e com os seus iguais. E ao que parece, não vai medir esforços para reconquistar aquilo que foi dito que era de direito.
Como escrito acima, o filme é um excelente começo de uma nova Era na franquia Planeta dos Macacos. Os personagens precisam de um pouco mais de complexidade, porém é possível ver que existe um grande potencial a ser explorado. Mesmo sem aparecer com o próprio rosto, os atores principais são ótimos e chamam muita atenção. A maneira que o corpo se desloca e a forma que se comporta em frente a câmera traz um realismo visceral.
A falta de Caesar será um sentimento comum entre os fãs e admiradores que vão assistir o filme. Ele foi um personagem gigantesco e que nos agraciou com muita inteligência, sagacidade e carisma, desde pequeno. Mas o filme ressalta a importância do recomeço e que o legado dos grandes líderes ficarão para a eternidade.
Nota: 4/5