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Foto do escritorSamantha Oliveira

‘Terrifier 3’: Art, o Palhaço retorna para mais um filme sem pé nem cabeça. E que bom!


Imagem de Art, o Palhaço usando roupa de Papai Noel e óculos natalino


Sentar em uma cadeira ou sofá para assistir qualquer filme da, agora trilogia, Terrifier, é ir de cabeça aberta. Ou esperar que Art, o Palhaço, a abra. Literalmente. Neste Halloween, a ideia não seria diferente e a figura agora carimbada do terror ganhou mais uma sequência que foi direto para os cinemas - uma conquista notável para quem surgiu em curtas e pequenas aparições no YouTube.


Em Terrifier 3, o famoso palhaço vivido por David Howard Thornton obviamente não morreu (como havia no segundo) e retorna dessa vez em clima de Natal para aterrorizar novos personagens e ir atrás de Sienna (Lauren LaVera) e seu irmão, Jonathan (Elliott Fullam). Parecido com o centro da cidade do Recife no mês de outubro, Art o Palhaço não conseguiu se decidir entre o clima de Halloween e Natal - optando pelas duas temáticas ao mesmo tempo.


Um destaque obviamente para o carisma do personagem que, vestido com roupa de Papai Noel, aumenta consideravelmente, mesmo que isso seja a custo de algumas novas vítimas.



Motivações por trás (do público)


Mas o que leva alguém a assistir duas horas e um bocado de violência extrema e uma produção de qualidade duvidosa? Se corpos ensanguentados e gore não for um problema, como não é para mim, Terrifier 3 é surpreendentemente divertido. Ao ponto de me pegar gargalhando no meio do cinema. Acho que isso diz muito sobre mim como pessoa.


Tentando cada vez mais colocar plano de fundo à história com os embates bem coreografados de Sienna e Art, Terrifier 3 segue por recursos cada vez mais sobrenaturais, como possessões, demônios e até mesmo a porta do próprio inferno. Essa decisão serve para justificar a imortalidade do personagem à lá Jason, mas acaba tirando um pouco do seu mistério mudo. Afinal, se o diretor Damien Leone não está preocupado em criar tantas camadas, nada o impediria de apenas ressuscitá-lo a cada sequência.


Nenhum erro é pior que matar alguém


Com cenas de bem construídas de humor e mortes cada vez mais elaboradas e criativas, Damien Leone quis se arriscar ao nível do chocante por mais uma tangente. É que, ao se passar no clima de Natal, Terrifier 3 brinca com alguns símbolos religiosos (misturando inclusive um pouco com Páscoa e o sofrimento de Jesus).


Esse não é o problema. A questão é que a culpa cristã parece ter batido na porta do diretor, que em vez de seguir de cabeça com imagens de crucificação e o famoso sagrado profano, preferiu se manter na linha das referências. Uma felicidade para os cristãos ávidos por um boicote, mas uma tristeza para quem achou que este seria mais um absurdo servido de bandeja no universo de Terrifier.



Para além disso, a trama entre Sienna e seu infeliz encontro com o palhaço parece ter sido mal costurada, como se o público estivesse assistindo dois filmes distintos. A personagem, apesar de ainda ser central e servir de gancho para o próximo filme (sim, vem aí), parece não ganhar tanto destaque e autonomia quanto no segundo longa. Muito disso também vem dos personagens ao seu redor, que não exalam o mesmo carisma ou empolgação no projeto.




Art, o Palhaço, e seu fandom



Imagem de Art o Palhaço com uma motosserra e roupa de Papai Noel


Falando especificamente sobre o personagem brilhosamente vivido por David Howard Thorton, é interessante como a figura de Art, o Palhaço continua despertando curiosidade pelo público. Ao longo dos anos, o assassino tem viralizado cada vez mais nas redes sociais, sendo alvo de interesse sobre a sua história e afins.


Prova disso é que, em Terrifier 2, o público praticamente implorou para seu lançamento nos cinemas brasileiros, enquanto a terceira edição chegou com tudo justamente no Halloween e, até o momento, está sendo uma aposta lucrativa que deve continuar por mais alguns anos. O longa ultrapassou a marca de US$ 55 milhões entre os Estados Unidos e o mercado internacional, mesmo não possuindo uma classificação indicativa tamanho o conteúdo explícito mostrado nas telonas.


Esse fandom, inclusive, é abordado dentro do próprio universo de Terrifier, onde fãs de true crime são retratadas de forma satírica e beirando o absurdo, fazendo uma referência bem humorada e no ponto sobre o consumo deste tipo de conteúdo e falta de sensibilidade entre esse público.


Seja pela sua mudez no ponto ou visual retrô e característico, Art não perde a graça de jeito nenhum e, cada filme, consegue conquistar mais espectadores para suas atrocidades e piadas. Ainda assim, o destaque maior para Vicky (Samantha Sacffidi) pode ser um ponto negativo, já que em alguns momentos ela é utilizada como recurso de fala do personagem e, sinceramente, ninguém quer ouví-lo falar quando se tem aquele maldito sorriso.


No geral, analisar Terrifier 3 é mais difícil do que parece, já que é necessário comprar a ideia e o que se vai assistir antes mesmo dos créditos iniciais aparecerem. Ainda assim, é uma experiência divertida para os fãs de terror que também apreciam um bom conto de Natal.


Veredicto: 3/5

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