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Foto do escritorBianca Dias

TikTok: o palco de influência da Geração Z no mundo fashion

Atualizado: 30 de mai. de 2023


Em julho de 2020, viralizaram no TikTok vídeos de chineses andando pelas ruas com suas produções baseadas no street style. Curtidas e comentários avassaladores dominaram o nicho fashion da rede social, com a intensa aclamação pelos looks sofisticados e a vontade dos internautas, principalmente daqueles da Geração Z, de serem tão estilosos como os das imagens. Pouco tempo depois, a veracidade dos vídeos foi colocada em questão, considerando se eles seriam parte de um editorial de Moda ou experimento social de um fotógrafo aleatório. Sendo proposital ou não, nunca foi deixado de lado o quanto aquelas imagens influenciaram os milhares de perfis da plataforma. E é a existência dessa rede e seu crescente poder influenciador que vem sendo debatido e questionado, pois como “de uma hora para outra” ela conseguiu se tornar palco de criação e viralizador das próximas tendências fashion da sociedade?


O TikTok surgiu em 2013, criado por uma empresa chinesa e ainda com o nome de Musical.ly. Na época, seu objetivo era ligado unicamente ao lazer, e seus usuários eram em quase totalidade jovens. Em 2017, ele foi comprado por uma outra empresa conterrânea e se tornou o que conhecemos atualmente, com seu estopim de sucesso em 2019, baixado naquele ano 750 milhões de vezes. Hoje, a plataforma se baseia em produzir vídeos curtos de até 60 segundos que podem abordar qualquer assunto, sendo utilizado como um hobbie ou até de maneira profissional. O que a diferencia das outras redes é a sua capacidade de alcance. A página inicial, chamada “for you page” (“página para você”, em português), exibe vídeos de quem você segue e de outros usuários, com conteúdos pertencentes ou não ao algoritmo do perfil, facilitando o poder de viralização de alguém completamente anônimo.





Ao refletir sobre a história da Moda, sempre são colocados como criadores as grandes maisons como Chanel, Prada e Valentino; e como influenciadores, os membros da alta sociedade, celebridades de Hollywood e as modelos mais bem pagas do mercado. O TikTok e seu algoritmo democrático vem como uma revolução a esse fenômeno, quando uma adolescente comum, fazendo um simples vídeo de looks diferentes com uma mesma peça, influencia mais 100 outras jovens a comprar a t-shirt que ela estava vestindo. O que ocorre na rede é um espelho de algo que anda acontecendo na sociedade como um todo. Com jovens cada vez mais engajados e com pensamento crítico, o glamour das terras inalcançáveis é deixado de lado e influenciadores menores ganham força, com seus problemas, necessidades e desejos reais. Nada melhor para esse movimento do que a existência de um espaço para propagação desses novos conceitos, ainda de maneira rápida e lúdica, como tudo atualmente.


Um bom exemplo de como utilizar o TikTok a favor dos negócios é a Shein. A marca unicamente de compra online é o maior nome de fast fashion mundial da atualidade e cresceu bastante por conta do seu público jovem, que consome e expõe produções com produtos da marca em vídeos na rede social. A própria Shein, ao invés de colocar como rosto propaganda alguma modelo famosa na faixa dos 30 anos, posta vídeos de pessoas comuns vestindo seus produtos, fazendo acontecer a famosa fórmula de sucesso: identificação direta dos seus seguidores.




Um dos maiores desafios das marcas de moda mais tradicionais mora na compreensão dessa mudança de cenário. Grandes grifes ainda possuem muita influência, mas estão com dificuldade em se desvencilhar de antigas propostas que faziam sucesso com os Millennials e se adaptar à rapidez da Geração Z. Algumas já começaram a se arriscar no TikTok, como é o caso da Balmain, que transmitiu ao vivo seu desfile de Alta-Costura na Paris Fashion Week, em julho de 2020. Foi um começo interessante para o diretor criativo Olivier Rousteing, que acabou tendo que lidar com problemas como a live travada por falta de sinal de internet, algo que não aconteceria num desfile presencial no Jardin des Plantes de Paris. Outra marca que já se aventurou pelo Tiktok foi a Calvin Klein, lançando uma campanha com o slogan "Remover o filtro. Essa é minha Calvin Klein", visando a quebra de padrões e aceitar o imperfeito - apesar do rosto da propaganda ser a celebridade Kendall Jenner.


De qualquer forma, esses são os primeiros sinais de mudança, mostrando o interesse dos grandes nomes em se envolver na linha de pensamento daqueles reais influenciadores. Podem não ser o seu público consumidor, mas é a Geração Z que dirá quem estará no topo ou cairá no esquecimento. Cabe ao mercado fashion entender isso e talvez um dia teremos acesso a um vídeo exclusivo de Donatella Versace fazendo um desafio de looks para o TikTok.


 


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